Daquele triste Janeiro de 1981, nem o monumento às vítimas sobreviveu!

Sepultamento das vítimas do "Novo Amapá"
Na noite do dia 08 de janeiro de 1981 – dois dias após o barco “Novo Amapá” naufragar na foz do Rio Cajarí, chegava ao Porto de Santana, os primeiros 185 corpos que foram resgatados das águas após a embarcação tombar naquele local. 

Trazidos numa balsa holandesa (denominada “Ceci”), de propriedade da mineradora ICOMI, a maioria dos corpos já se encontravam encaixotados, não havendo qualquer autorização superior para que seus familiares pudessem reconhecer seus entes queridos. 

Confusão e tumultuo durante enterro dos corpos
Devido ao grande número de pessoas que se encontravam aguardando a chegada desses corpos, a Balsa fez uma rápida pausa na embocadura do Rio Matapí, como forma de evitar uma possível reação pública quando encostasse fixamente no cais da ICOMI. 

Somente na manhã do dia seguinte (09/01) que os primeiros 06 caminhões deixaram a área interna da ICOMI levando mais de 40 caixotes – havendo entre 05 a 07 corpos em cada caixote construído em compensado armado com ripas – para serem enterrados no Cemitério de Santana. 

Caixotes improvisados para sepultar as vítimas
Diante de uma tristeza coletiva, a população da pequena localidade portuária de Santana acompanhou todo o processo de chegada e sepultamento dos mortos. 

Na ocasião que um dos caminhões que carregava os caixotes dobrava o cruzamento da atual Rua Salvador Diniz com a Avenida Antônio Nunes (seguindo para o cemitério), um dos caixotes que se encontravam na basculante (carroceria) do veículo caiu sob o asfalto da via, vindo a se desmontar, exalando um forte odor para as pessoas assistiam aquele “espetáculo de horrores” para a história da navegação amapaense. 

Sob um sol escaldante, duas retroescavadeiras, cedidas pela Secretaria de Obras e Serviços Públicos do Governo do Amapá, abriram cinco valas extensas que receberiam os corpos das vítimas do naufrágio. 

Ali seria a última morada das centenas de passageiros que haviam deixado o Porto de Santana naquela tarde de 06 de janeiro de 1981. 

Como forma de lembrar a fatídica data que entrou para os anais das maiores tragédias da navegação brasileira, o Poder Público local, através da Lei Estadual n.º 0262/96, de março de 1996, decidiu construir um memorial que pudesse homenagear aqueles entes morreram naquele que atualmente é considerado o até hoje 3º desastre em águas brasileiras, ficando atrás de tragédias como o Navio “Príncipe de Gales”, afundado na encosta de São Paulo, em 1916. 

Monumento com nome das vítimas
Em setembro de 1996, a Secretaria de Estado de Infra-estrutura levantou no Cemitério Municipal de Santana, um monumento de concreto, com formato retangular, onde ali foi colocado duas placas de cobre maciço, na qual continha o registro de 332 pessoas (em cada placa) que morreram no naufrágio do barco “Novo Amapá”. 

Vale ressaltar que o nome desses falecidos foram cedidos pela (extinta) Secretaria de Promoção Social do Governo do Amapá que, na época do naufrágio, efetuou um levantamento das vítimas através de comunicados feitos por parentes que acompanhavam o desembarque dos corpos no Porto de Santana. 

Essas placas permaneceram expostas ao público por quase uma década, sendo que uma delas acabou sendo furtada (roubada) em junho de 2005 e a outra teve que ser recolhida pela administração do Cemitério como forma de assegurar sua integridade material para quem quiser vê-la.

Na internet, existe um blog que postou em 2014 a lista dos 332 nomes de vítimas descritas nas placas que haviam nesses monumento. Segue aqui o link do post.

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