ASSUSTADOR | Que estranha onda d’água foi essa que causou pânico e fez destruições em Santana?

Sinistro provocou sérios danos à estrutura da ICOMI
Nem mesmo a Companhia de Sinalização Náutica em Santana soube explicar ao certo sobre aquela estranha onda d’água que varreria grande parte do porto de Santana naquela tarde do dia 20 de outubro de 1993, arrastando lanchas e catraias, e ainda chegou a arrebentar a lança de carregamento de navios, com cerca de 200 toneladas, do cais da mineradora ICOMI. 

Bem menos a mineradora também sabia explicar a origem do fenômeno. Havia dois navios estrangeiros que estavam carregando minérios, mas acabaram sendo afastados do porto por medida de segurança, o que também motivou a empresa a paralisar suas atividades de carregamento por vários dias. 

Até o solo sofreu rompimentos com o fato
Nas ruas de Santana, as pessoas se perguntavam sobre aquele ocorrido. Já no porto do Grego, onde várias embarcações foram avariadas, havia preocupação e medo da onda d’água se formar novamente. 

Num primeiro momento, a ICOMI ainda não havia avaliado os prejuízos causados pelo acidente, na qual atrasaria consideravelmente no embarque de minério. 

“Este porto flutuante está aqui desde 1957 e nunca houve uma coisa dessas”, relatou na época Wilson Soares, assessor da diretoria da ICOMI. 

Um dia após o sinistro, o barranco no porto da mineradora continuou cedendo, obrigando-a a colocar uma catraia flutuante circulando próximo ao local do desabamento para desviar as embarcações. 

Em terra firme, a empresa providenciou a desobstrução para reduzir o peso do barranco. Em baixo da lança de embarque de navios, o barranco havia cedido mais de três metros, numa extensão de mais 10 metros. 

Parte do cais da ICOMI parou no fundo do rio
Estudo 
O comando da Sinalização Náutica descartou as possibilidades de um terremoto. Segundo o órgão, a área afetada não se enquadra em regiões de tremores de terra. 

Até as suspeitas de maremoto ou “pororoca” foram descartadas pelo comando, apenas consideram como “um fato sem explicação da natureza”, e deixou atribuído à ICOMI proceder nas investigações sobre o fenômeno. 

Fenômeno repercutiu na imprensa da época
A mineradora, por sua vez, contratou os serviços da Planave – Estudos e Projetos de Engenharia S/A para analisar e propor soluções corretivas ao deslizamento de terras. 

A contratada emitiu um relatório final em novembro de 1993, produzido pelos geólogos Paulo Ricardo Behrens da França e René de Souza Viel. Alguns trechos do relatório foram transcritos abaixo: 

“APRESENTAÇÃO” (...) 
“O deslizamento de terra ocorrido em 20 de outubro passado, aconteceu por ruptura superficial do talude submerso da retaguarda do porto, deslocando cerca de 30.000 m3 de material, na direção do canal do rio Amazonas. 
A ação da onda provocada pelo movimento de terra provocou oscilações nas estruturas flutuantes, além daquelas consideradas no projeto, trazendo rupturas e deformações nas peças metálicas de tal monta que ocasionou a paralisação das operações portuárias.”

Cais levou meses para ser reerguido
“Neste trabalho foram feitos estudos sobre as condições topobatimétricas originais e as após o acidente, visando quantificar e qualificar o ocorrido. Além disto, foram estudadas várias conformações para os taludes submersos, através de computador para métodos de Bishop e Fllenius, visando a obtenção de um talude estável e apropriado à geometria local.”(...) 

“CARACTERIZAÇÃO DO DESLIZAMENTO DE TERRA” 
(...) “Pode-se também observar que a ruptura do maciço terroso é circular e superficial, característica dos deslizamentos clássicos dos terrenos argilosos.” 

“A característica do material rompido é uma argila orgânica siltosa saturada, de pouca capacidade de suporte depositada por ação aluvionar do rio Amazonas.” 

“Tendo em vista as considerações geológicas locais definiu-se um afastamento de pilha e o posicionamento dos suportes dos A-Frames e pivot em áreas afastadas das margens sem sobrecarregar portanto o terreno junto aos taludes naturais.”

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