“Promessas de Sadala como prefeito eram irrealizáveis”, diz Nogueira

O ex–prefeito de Santana e atual presidente do PT/AP falou com exclusividade ao jornal A Gazeta sobre sua avaliação de Ofirney Sadala como prefeito, a pré-campanha à Alap, a antiga parceria com Marcivânia Flexa e outros assuntos: 

Reconstrução do PT – Assumimos o comando do maior partido da América Latina, aqui no Amapá, em um momento conturbado da política brasileira. 

Os ataques midiáticos de grande parte da imprensa ao partido, na ânsia de “tirar” o ex-presidente Lula da disputa das eleições de 2018 têm atingido em cheio o PT em tosos os lugares, e isso requer muita disposição e trabalho para desfazer essa mácula que já nos prejudicou nas eleições passadas. 

Para reconstrução do Partido local, estamos buscando resgatar petistas históricos que se afastaram do partido por não se sentirem representados ou por falta de oportunidade de contribuírem de alguma forma para o fortalecimento dele. 

“O Amapá que o povo quer” será o nome do nosso programa de governo que começaremos a construir com a participação da sociedade, em todos os Municípios do Estado. Essa será a oportunidade de resgatarmos, primeiro, nossa relação interna, para depois avançarmos na sociedade, apresentando soluções conjuntas para os problemas do Amapá. 

Sadala: “gestão de ocasião” – Primeiro, toda gestão pública bem intencionada deve planejar suas ações. Ainda não tive notícias que a gestão Sadala tenha minimamente planejado o governo, nem antes (transição), nem depois que assumiu. É uma gestão de ocasião, tocada conforme a conveniência, por isso sempre falo que está fadada ao fracasso. 

Embora inexperiente na política, Ofirney Sadala passou a imagem para a sociedade santanense, como ex-juiz, que poderia ser um prefeito mais ético e realizador do que os outros que passaram. Mesmo aqueles que não votaram nele tinham essas perspectiva, considerando que apenas 2 em cada 10 eleitores santanenses votaram nele, constituindo-se como o prefeito com a menor representatividade política da história de Santana. 

A falta de entendimento político levou o Sadala a cometer erros primários como promessas irrealizáveis colocar resolver o problema da água na comunidade do Ambrósio em 6 meses, nem que tirasse dinheiro do próprio salário; inchou a folha de pagamento com 1600 contratos administrativos em apenas 6 meses de governo, tendo 1200 concursados no Município; falando em pareceria com o GEA em asfaltamento quando somente o Estado pavimenta, sendo apelidado de prefeito carona; instituindo a taxa do lixo, num momento de crise financeira e o Estado bancando 7 milhões para esses serviços; o Portal da Transparência inativo, além de tantas outras “barrigadas”. 

Pedido de impeachment na Câmara – Somos oposição responsável. Não fazemos oposição por fazer. Se somos aliados, vamos buscar resolver os problemas, mas, como oposição, nosso papel é fazer com que os erros sejam explicitados, sempre com uma proposta para solução. 

No caso do pedido de impeachment pela denúncia do nepotismo, entendemos incabível, pois o próprio STF acabara de julgar que cargos do primeiro escalão são cargos políticos, não ferindo a lei que proíbe nomeação de parentes na gestão pública, nesse caso.

Portanto, nossa oposição não é ser contra todas as ações do prefeito. Se tiver certo e for bom para a população, até ajudaremos. Se tiver errado, iremos denunciar. 

[O pedido de impeachment foi protocolado na Câmara de Santana por Mário Fascio no início do mês passado e denunciava o prefeito de nomear o irmão, Kenedy Sadala, como chefe das finanças do município. A vereadora Socorro Nogueira, irmã de Antonio Nogueira, votou contra a denúncia protocolada na casa.] 

Retorno ao mandato e brigas políticas – Sou daqueles que acreditam que o sol nasce para todos. Pega quem tiver disposição e planejamento, no caso da política. Sempre fizemos política responsável, focando na melhoria da qualidade de vida de nosso povo, a começar pelos menos favorecidos. Foi assim nos parlamentos (municipal, estadual e federal) e no executivo (Prefeitura de Santana), por onde passamos. 

Não vai ser um ou mais grupos de desafetos que irão impedir minha eleição para deputado estadual. Podem até atrapalhar, como sempre fazem, mas creio que da forma que fazemos política e o legado positivo que sempre deixamos, a sociedade vai nos garantir uma cadeira das 24 existentes na Assembleia Legislativa. 

(Ex) companheira Marcivânia e novas alianças – Muitas lideranças políticas de hoje são frutos de um grupo político, liderado por mim, que eram oportunizadas e hoje atuam, de alguma forma, na sociedade. Sou contra o caciquismo político, quando não se deixa surgir novos líderes. 

O dia em que alguém fizer o trabalho político melhor do que eu faço, dentro do grupo que lidero, será o momento de eu sair do cenário e ceder, naturalmente, a liderança. O mandato da professora Marcivânia tem atendido aos anseios dos trabalhadores, por isso, não descartamos alianças futuras. 

Waldez ou Davi? – Com o DEM de Davi o PT não conversa. Eles são contra os trabalhadores. Não nos preparamos para disputar as candidaturas majoritárias no Amapá. Nosso planejamento político, que ocorrerá até final deste ano, deverá priorizar o retorno de nossas cadeiras na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal. O Senado e uma vice-governadoria também não deverão ser descartadas. 

Temos uma conversa avançada com o PDT do governador Waldez Góes, que sinalizou a possibilidade de fazer convite para que o PT integre o primeiro escalão do GEA antes do final deste ano. Também iremos conversar com todas as outras agremiações partidárias do campo democrático popular que não estejam atrelados ao DEM do senador Davi. 

Lula no Amapá – O Lula apenas adiou a visita a RENCA (Reserva nacional do Cobre e Associados), por conta da revogação do Decreto presidencial que extinguia a Reserva. Aí, naquele momento, não teria mais sentido a vinda dele apenas para o Laranjal do Jari. Ele quer passar mais tempo no Estado do Amapá, já fazendo parte da Caravana pela Amazônia. 

Deliberamos ontem, no Fórum do PT da Amazônia, em Santarém/PA, que a Caravana “A Amazônia que o povo quer”, acontecerá na segunda quinzena de novembro próximo. Percorrerá os estados de Mato Grosso, Tocantins, Amapá, Pará, Amazonas, Boa Vista, Rondônia e Acre. 

Na próxima segunda-feira, dia 02, iremos organizar a agenda dele aqui. Deverá ir ao Laranjal do Jari, visitar a RENCA e, após, virá a Macapá.

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