Sede da CAEMI: da Mudança ao trágico incêndio

1965: A mudança contou com uma força-tarefa
Na noite de 31 de março de 1965, entrando pela madrugada de 1° de abril corrente, os escritórios da Indústria e Comércio de Minérios Ltda (ICOMI) no Rio de Janeiro (RJ) mudariam de endereço. 

Deixavam os andares que ocupavam no edifício Lowndes, à Avenida Presidente Vargas 290, e foram ocupar quase oito andares do novo Edifício Barão de Mauá, situado na Avenida Graça Aranha 26, prédio onde se localizavam também muitas outras empresas, inclusive a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). 

A mudança foi uma “operação” bem organizada, e exigiu, na época, um grande esforço, não só dos encarregados gerais, sob a chefia do Sr. Pedro Diogo dos Santos, como dos membros de todos os departamentos, que foram para o “Barão de Mauá” aguardar a chegada dos caixotes. 

Já na manhã do dia 04 de abril corrente, começaria a arrumação nas novas instalações, e agora todos se encontrariam em pleno trabalho no novo endereço. 

A mudança foi até destaque na imprensa nacional
Ficaram temporariamente no antigo Edifício Lowndes: da CAEMI, tipografia, almoxarifado e alguns serviços de administração de escritórios; da ICOMI, o Departamento de Materiais. Isso até 1972, quando toda a estrutura administrativa do Grupo CAEMI foi definitivamente incorporada às novas instalações no Edifício “Barão de Mauá”, ingressando os escritórios da BRUMASA, COPRAM, FUNDAÇÃO E JINCO. 

As Diretorias e os Departamentos da ICOMI e CAEMI ficaram assim distribuídos: nos 19°, 18° e 16° andares, a Presidência, Vice e Diretorias; no 17°, Gerência, Financeiro, Tesouraria, Controle, Contabilidade, Estudos, Auditoria; no 15°, Administração, Jurídico, Exportação, Contabilidade, Tesouraria, Estudos, Auditoria, Rádio e Telex; no 14°, Relações Públicas, Jurídico, Ações, Técnico; e, no 13°, Pessoal, Organização e Desenho Técnico. E já no 20° andar ficaria instalado o Restaurante da empresa. 

Em setembro de 1974, todas as empresas do Grupo CAEMI já estariam fixamente instaladas naquele luxuoso edifício, então projetado em 1963, pelos renomados arquitetos brasileiros Oscar Niemeyer e Sabino Barroso. 

Vale ressaltar que em 1964, ao ser inaugurado, o “Barão de Mauá” foi considerado um dos mais belos edifícios da capital carioca, recebendo a alcunha de “Noivinha do MEC”, por ficar ao lado do prédio modernista Gustavo Capanema. 

O Trágico Incêndio 
Passava das 3hs da madrugada daquele dia 11 de dezembro de 1981, quando mais de 300 bombeiros foram convocados para apagar um dos mais marcantes incêndios ocorridos em sedes administrativas na história do Brasil. Esses bombeiros não sabiam que estavam sendo chamados somente para salvar uma boa fatia do mundo dos negócios, mas também um pedaço da história mineral do país. 

Os nove primeiros andares do prédio já estavam sendo ocupados pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) – então 7ª maior empresa do país. A Companhia Auxiliar de Empresas de Mineração (Caemi), holding do Grupo do empresário Augusto Trajano de Azevedo Antunes, era a maior empresa privada do setor, que também estava instalada em outros sete andares. 

1981: Incêndio na sede da Caemi
O 11º andar, que pertencia ao Ministério das Minas e Energia, abrigava o gabinete do então ministro César Cals para seus despachos cariocas. Dois andares acima funcionavam os escritórios da estatal Petróleo Ypiranga, um dos dez maiores faturamento privados do Brasil. 

Aparentemente, o “Barão de Mauá” já também dispunha de modernos mecanismos de segurança contra incêndios, que todavia, sucumbiria naquela sinistra madrugada de 11/12/1981, num incêndio que durou mais de oito horas. 

Relatos técnicos apontam que o referido fogo começou por volta das 3 horas da manhã com um curto-circuito numa sala do 15º andar, estourando todos os vidros do prédio e propagando-se rapidamente por seus quase 25.000 metros quadrados. 

Obviamente o fogo encontrou muito material fácil para o seu consumo: divisórias de eucatex em profusão, janelas acortinadas, piso acarpetado e, sobretudo, muito papel nos arquivos. Felizmente não houve mortes por que os mais de 3.000 frequentadores diários do prédio só começariam a chegar depois das 6 horas. 

Os bombeiros que estavam no local, depois de quase oito horas de fogo intenso, pouco puderam fazer em termos de salvamento material, perdendo-se nesse meio, mais de três décadas de informações e registros técnicos sobre a exploração e exportação mineral do Amapá e do Brasil.

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