1950-2017: Como Santana pulou de apenas 34 pessoas para 110 mil habitantes?

Frente de Santana, no final da década de 1940
Os primeiros sinais ligados à expansão populacionais de Santana foram registrados ainda no final da década de 1940, quando a extinta empresa de mineração ICOMI iniciou os estudos topográficos para montagem de seu cais flutuante. 

Em 1949, já havia pouco mais de 150 pessoas que residiam na Ilha de Santana, enquanto que outras chegaram periodicamente na região, trazendo consigo suas famílias, buscando assim melhores condições de sustento. 

Um pouco antes (mais precisamente a partir de 1945), o Serviço de Geografia e Estatística do então Governo Territorial do Amapá iniciou um intensivo levantamento anual sobre o crescimento sócio-populacional deste recém-criado como forma de acompanhar sua evolução demográfica e as consequências geradas pela migração desordenada que assolava a região. 

Em julho de 1950, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o então Território Federal do Amapá já continha quase 40 mil habitantes, ou seja, havendo crescido em mais de 15 vezes acima do esperado desde sua implantação político-territorial em 1944. 

1949: 1º ancoradouro a frente de Santana
Segundo este relatório divulgado pelo IBGE, nota-se que havia 283 habitantes residindo na Ilha de Santana, enquanto que outros 34 habitantes já fixavam moradias numa área em volta do canteiro de obras do futuro Porto de minérios da ICOMI, em Santana, com isso totalizando 317 habitantes espalhados em essas duas áreas. 

Porém, esse índice populacional foi periodicamente se ampliando em virtude da instalação do Projeto ICOMI ainda em meados da década de 1950, dando origem a núcleos suburbanos que se espalhavam por áreas de terras entre o portão de entrada da ICOMI e a vila portuária do Igarapé da Fortaleza. 

No início de 1956, a Prefeitura de Macapá constatou a existência de pelo menos três núcleos populacionais espalhados nas imediações do Porto de embarque de minérios da ICOMI, que eram: a Vila Papelão ou Duplex (onde hoje está situada a área portuária e o inacabado Terminal Hidroviário de Santana); a Vila da Olaria (onde hoje fica o Quartel do Corpo de Bombeiros de Santana); e o alojamento interino de operários da ICOMI (que foi temporariamente montado numa ara onde hoje fica o prédio do Superfácil). Esses vilarejos povoavam cerca de 850 pessoas, entre crianças e adultos. 

1954: Avenida Santana ainda sem asfalto
A partir de meados de 1958, a empresa ICOMI passou a se preocupar com a questão do possível crescimento desordenado que ocorreria nas imediações das áreas em que atuava seu projeto de exploração de minério.

Sob tal situação, passou a realizar um levantamento anual dos habitantes que residiam nas adjacências de suas instalações industriais e moradias. 

Esse levantamento constava de três (03) técnicos contratados pela mineradora que percorriam os pequenos núcleos urbanos (também denominadas de vilas urbanas) que se formavam entre o cais de embarque de minérios da ICOMI, seguindo até a área onde estava sendo construída a luxuosa Vila Operaria, posteriormente denominada de Vila Amazonas. 

Vale informar que essas informações levantadas pela ICOMI eram também repassadas ao Poder Público Municipal da capital amapaense como forma de conhecer a situação socioeconômica e sua infraestrutura, podendo assim buscarem maneiras de aplicarem uma política mais coerente para os habitantes que residiam nesses núcleos considerados suburbanos. 

Em março de 1961, no povoado santanense já havia cinco vilas espalhadas entre as instalações portuárias da ICOMI e o canteiro de obras da futura Vila Amazonas. As vilas eram: São Francisco (contendo 34 casas), Vila Maia (com 85 casas), Vila Toco (com 35 casas), Vila Olaria (com 76 famílias) e Ilha de Santana (com 83 famílias). 

1970: Vista aérea da cidade de Santana
Segundo registros, no ano seguinte (1962), havia pouco mais de 6 mil habitantes espalhados em 11 vilas existentes nas imediações do Canal Norte do Rio Amazonas e a mineradora ICOMI, incluindo a vila operária da ICOMI (Vila Amazonas) que estava em fase de final de construção (apesar de ali haver famílias de funcionários da mineradores residindo desde 1956, quando ainda estavam construindo os primeiros alojamentos primários daquele conjunto residencial privado. As vilas suburbanas que agora formavam Santana eram: Vila Maia, Vila Floresta, Vila Matadouro, Vila Toco, Vila Confusão, Vila Galdino, Vila da Cerca, Vila Muriçoca e Vila do Bueiro. 

No início da década de 1970, algumas dessas vilas suburbanas que se espalhavam nas proximidades das instalações da ICOMI foram se unificando com outros vilarejos, formando assim pequenos bairros conhecidos de Santana, como área Comercial, bairro da Floresta, bairro Novo, bairro dos Remédios e outros que conhecemos. Tanto que a unificação desses vilarejos já totalizava, em novembro de 1970, mais de 12 mil habitantes dentro do núcleo mais populoso que existia, a famosa Vila Maia. 

Contestações do crescimento populacional pós-município 
Com a emancipação política de Santana, a partir de 1987, o novo município amapaense não deixaria de ser como outras cidades recém-criadas, pois, também sofreria com o fluxo migratório de famílias oriundas de Estados brasileiros como Pará e Maranhão. 

1986: Santana já passava de 35 mil habitantes
No entanto, inicialmente, essa migração não foi tão preocupante para o Poder Público competente, pois, a estrutura político-administrativa da nova cidade ainda não oferecia inúmeras condições urbanas para o possível impacto do crescimento populacional da região. 

Porém, com a criação a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana (ALCMS), em maio de 1992, e sua implantação no ano seguinte (1993), houve um imediato impulso no crescimento populacional nas duas maiores cidades do Estado do Amapá, sendo que em menos de dois anos esse número subiu em mais de 25%, ultrapassando em 60 habitantes, e consecutivamente aumentando (desordenadamente) entre 20% a 30% anual. 

Em março de 1993, o então prefeito de Santana Geovani Borges recebeu do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o resultado do Censo populacional, que alegava o apontamento de 51 habitantes em todo perímetro urbano e rural do município. Porém, Geovani Borges detectou diversas falhas no Censo e solicitou que o órgão efetuasse uma recontagem, pois, considerava inconfiável os números indicados pelo IBGE para formalizar no processo censitário de 1991. 

Ainda, de acordo com a Prefeitura de Santana, muitas famílias alegaram não terem sido censeadas (cotadas no Censo) pelo IBGE, mesmo residindo em Santana há mais de uma década. Sendo assim, técnicos contratados da Prefeitura de Santana ainda efetuaram um levantamento parcial da população de Santana, que em menos de 30 dias de coletas de informações, apontaria mais de 65 mil pessoas em Santana. Parte desse levantamento realizado pela Prefeitura de Santana consistiu em um recadastramento de imóveis, distribuídos em três grupos de pesquisas. 

Em resposta à ação da Prefeitura de Santana, o IBGE apresentou judicialmente diversos documentos que comprovavam os tramites das pesquisas de censo, na qual demonstrava que muitas famílias migravam temporariamente de lugares e retornavam após certo período de afastamento. O resultado favoreceu o IBGE, que manteve oficialmente o resultado de sua contagem, calculada em 51.451 habitantes para o Censo Nacional de 1991. 

Geovani não concordou com o Censo de 1993
Outros Dados 
Até agosto de 2000, Santana já havia 80.169 habitantes, sendo que 40.222 eram homens e 39.947 eram mulheres. Desse número, 75.849 habitantes residiam na área urbana e o restante na área rural. Em menos de quatro anos, índice subiu em quase 15%, chegando a população santanense em 91.310 habitantes. 

Em 05 de outubro de 2007, a Gerência Regional do IBGE no Amapá divulgou o Censo 2007, onde previa que a população de Santana chegasse a 101.864 habitantes, mas os novos dados apontariam a existência de 87.829 habitantes. 

Ou seja, um crescimento de 13,77% abaixo do esperado pelo IBGE. Houve uma revisão nos dados, mas o censo se manteve em 91.615 habitantes. O IBGE ainda realizou uma inspeção em todos seus dados armazenados em computadores (notebook) e PD’s realizados nas pesquisas como forma de detectar alguma falha no censo, mas não constatou qualquer indicador errado. 

O censo mais recente efetuado pelo IBGE indica que Santana tem 113.854 habitantes, um crescimento de mais de 10% quando comparado com os índices divulgados no último Censo oficial (em 2010), quando esse índice era de 101.262 habitantes.

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