Oficina promovida pelo Fórum da Comarca de Santana reata laços entre pais separados e seus filhos

As pessoas decidem se relacionar acreditando que formarão uma família e viverão juntas para sempre. Mas, os problemas aparecem e, embora tentem, muitas vezes não é possível superá-los. 

Com base nas relações de famílias que passam por um processo de separação, o Fórum da Comarca de Santana realizou mais uma edição da “Oficina de Pais e Filhos” e da “Oficina dos Adolescentes”, que tem por objetivo instrumentalizar as famílias a manter uma efetiva e saudável relação parental junto aos filhos, mesmo os pais estando separados. 

A Oficina de Pais e Filhos é um programa educacional interdisciplinar para pessoas em fase de separação, bem como para os filhos, com idade de seis a 17 anos. 

O programa se apoia em leituras especializadas sobre os efeitos do divórcio e na importância dos pais e demais membros da família buscarem maneiras saudáveis de lidar com o término do casamento. 

Com duração de quatro horas, a oficina é ministrada em uma sessão na qual pais e filhos são atendidos em salas separadas e assistem apresentações de vídeos, palestras proferidas por profissionais capacitados para esse fim, além de participarem de dinâmicas e exercícios para troca de informações e esclarecimento de dúvidas. 

O presidente do Tribunal de Justiça do Amapá, desembargador Carlos Tork, presente na abertura do evento, destacou que a dor mais sentida por todos nós é a perda de uma pessoa querida e a segunda é a separação de um casal, uma família. 

“Quem passa por um processo de separação litigiosa tende a sentir mais ainda. Então, é por isso que essa oficina é tão importante. Ela acompanha e dá suporte emocional e jurídico para que sejam evitados possíveis traumas futuros”, disse o presidente. 

A juíza titular da 3ª Vara de Família de Macapá, Joenilda Lenzi, falou da experiência na realização da oficina na Comarca de Macapá. 

“Estamos na terceira edição da oficina e para nós é muito gratificante. Estivemos no CNJ para conhecer de perto o trabalho que é realizado e posteriormente trazer para o nosso Estado, onde já estamos colhendo bons frutos através do programa”, ressaltou a magistrada. 

Já a juíza Larissa Antunes, titular da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Santana, explicou que essa é a primeira edição da oficina a ser realizada pelo Fórum de Santana.

“Mas já tivemos a oportunidade de participar da oficina realizada pelo Ministério Público, no mês de março. As pessoas que estão participando foram alvos de uma pesquisa de satisfação, onde mais de 90% delas aprovaram o programa”, pontuou. 

A magistrada continuou falando que “aqui eles aprendem a enxergar de uma forma mais clara os impactos de uma separação para toda a família, não apenas para os pais. Eles aprendem a controlar melhor suas emoções e sentimentos, evitando que a separação desague em um processo litigioso, o que causaria uma dor ainda maior”, finalizou a juíza.

Marcelo Soares, tecnólogo em redes e mototaxista, é pai de quatro filhos com idades entre seis e 18 anos, viveu situações de separação mais de uma vez e diz que não é fácil para casais que passam por essa situação, ainda mais quando se tem filhos. 

“Geralmente separações ocorrem quando o casal chega ao extremo, quando as brigas se tornam constantes e quando percebem que já não tem mais como sustentar o relacionamento, então é aí que as feridas são abertas; os pais se ferem e ferem seus filhos também. Separação é um processo doloroso, mas às vezes é melhor separar do que continuar sustentando uma relação que já está desgastada e sucumbida.” 

Marcelo ainda destaca que a família não acaba com a separação do casal, “sabemos que não existe ex-filho, então esse laço nunca pode ser rompido”, analisa. 

“A oficina nos mostrou um esclarecimento melhor da nossa situação. Em vários pontos percebi o quão errado eu estava agindo, então a partir daqui já sei o que devo mudar para melhorar o meu relacionamento com meus filhos. A pior coisa que eu já vivi foi passar pela minha filha na rua e não falar com ela, então fico imaginando o que ela sentiu naquele momento”, relatou o participante da oficina. 

A Oficina de Pais e Filhos se transformou em um programa institucional, com uma ampla parceria entre TJAP, Ministério Público, Governo do Estado e Prefeitura de Santana.

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