“Novo Amapá”: Uma viagem sem volta...

Partida do B/M Novo Amapá do Porto de Santana
foi registrado de maneira fotográfica por quem
desistiu daquela histórica viagem fluvial.
Passava das 20hs daquela noite de 06 de janeiro de 1981 (numa terça-feira), quando o Barco-motor “Novo Amapá” naufragou, nas imediações da foz do Rio Cajarí, a menos de 80km do município de Monte Dourado (PA), na divisa entre o então Território Federal do Amapá e o Estado do Pará, levando às águas quase 600 pessoas. 

Mais de 350 destas vidas seriam ceifadas impiedosamente e dezenas passariam horas de pânico e desespero, imersas nas águas e na escuridão. A embarcação, com suporte para transportar no máximo 200 pessoas e meia tonelada de mercadoria, partiu do Porto de Santana com cerca de 600 passageiros e quase uma tonelada de carga comercial. 

Com destino ao município interiorano de Monte Dourado, faria uma rápida escala em Laranjal do Jarí. Como na época as viagens duravam em torno de um dia e meio, um de seus proprietários (Alexandre Góes da Silva) havia feito reformas na embarcação, instalando um motor hidráulico a mais, o que facilitaria uma maior velocidade para a embarcação. 

A lista de despacho, segundo a Capitania dos Portos na época, tinha registrado cerca de 150 pessoas licenciadas pelo despachante Osvaldo Nazaré Colares. Mas na embarcação havia quase quatro vezes o número permitido. Em sua defesa, o despachante afirmou que só foi informado da tal lista após ter partido há certas choras e que a lista foi deixada sob sua mesa, quando ele estava ausente. 

O comando da viagem
O comandante responsável pela viagem, Manoel Alvanir da Conceição Pinto, seguiu todas as instruções necessárias de um dos proprietários da embarcação, sobre a viagem. Referia-se justamente a Alexandre Góes, que teria seu corpo encontrado no camarote da embarcação. 

Manoel Alvanir ainda continuou seus serviços como marinheiro, trabalhando como capitão em diversas embarcações de pequeno e médio porte que ficavam ancoradas no cais do Porto do Ver-O-Peso, em Belém (PA). Numa entrevista concedida em 2008 ao coordenador deste blog (em matéria publicada no “Diário do Amapá”), poucas lembranças lhe vieram à memória quando o assunto era a tragédia do Barco “Novo Amapá”. 

Sobreviventes resgatados por outras embarcações
Seu único comentário voltou-se para o comando do barco. Segundo versões de sobreviventes na época, a responsabilidade pela cabine de comando estava nas mãos experientes de um garoto. 

“Isso é mentira. Havia, sim, um garoto ao meu lado da cabine de comando, mas não deixei por nenhum momento ele pegar na direção do barco, como andaram dizendo”, afirmou o ex-comandante que fez, da que seria uma simples viagem fluvial, o maior naufrágio da navegação brasileira até então. 

Segundo uma lista formulada pela Inspetoria da Capitânia dos Portos do extinto Território Federal do Amapá, acredita-se que pelo menos 600 pessoas embarcaram no “Novo Amapá” e menos de 180 puderam sobreviver.

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