A “harmonia política” entre os Prefeitos de Santana e governadores do Amapá

Foto aérea de Santana, início dos anos de 1980.
Em 28 anos de emancipação política, o município de Santana sempre esteve envolvido em fatos que questionavam a relação político-administrativa entre seus gestores municipais e os chefes do Executivo Estadual. 

Alguns desses gestores buscavam manter um relacionamento harmonioso com o governo amapaense, tudo em prol do desenvolvimento e de melhorias sociais para a segunda maior cidade do Amapá. 

Porém, houve aqueles que administraram o município, mantendo um contato considerado “zero” com o Executivo Estadual, enfrentando dificuldades financeiras e sociais, enquanto que outros garantiam soluções técnicas e logísticas para a cidade que, antes havia saltado de 45 mil habitantes (em 1989) para mais de 120 mil habitantes (dados extraoficiais do IBGE em 2014). 

Curiosamente o mandato municipal atravessava as transições de mandato governamental, o que dependia muitas vezes das alianças partidárias que haviam sido feitas durante esta transição. 

Segue abaixo um pouco dessas situações que nem sempre eram harmoniosos entre o prefeito santanense e o governador do Amapá. 

Geovani Borges (direita) foi o único prefeito de
Santana que não teve qualquer relação
"harmoniosa" cm algum governador amapaense.
5º Lugar – Geovani Borges (de 1993 a 1996)
Depois de derrotar o candidato do então governador Comandante Anníbal Barcellos à Prefeitura de Santana, o então deputado federal Geovani Borges enfrentou uma gestão tumultuada, onde os recursos orçamentários eram buscados em Brasília (DF), em razão de não ter bons contatos com o Comandante Barcellos. 

A péssima harmonia entre Geovani e Barcellos chegou ao ponto de questionarem a propriedade do prédio onde funcionava o Executivo santanense (na época, situada na Área Portuária de Santana). O Comandante Barcellos ainda deu prazo para se retirarem do prédio, alegando que pertencia ao Poder Público Estadual, mas por força de um Decreto Estadual (aprovado “à pulso” na Assembleia Legislativa do Amapá), o prédio ficou sob administração do município. 

Apoiou discretamente João Alberto Capiberibe para o Governo do Amapá, apenas como represália ao candidato indicado pelo Comandante Barcellos para a chefia Executiva do Estado, fez diversas críticas política à gestão de João Capiberibe. 

Quando deixou o cargo em dezembro de 1996, Geovani se orgulhou de dizer que “fez um mandato sem qualquer apoio do Governo do Amapá”. 

Médico Judas Tadeu Medeiros.
4º Lugar – Judas Tadeu Medeiros (de 1997 a 2000)
No cargo de vereador santanense, o médico Judas Tadeu teve o apoio político do então governador João Capiberibe para ser eleito prefeito. Uma parceria harmoniosa que garantiu a construção de diversas obras ao município, e recursos que foram aplicados na saúde, na educação e na infraestrutura. 

Uma dessas importantes obras que foi empenhada entre esses gestores (município e Estado) foi a duplicação da Rodovia Juscelino Kubstcheck (Macapá-Fazendinha), serviço que passou para a responsável da Prefeitura de Santana, e concluída no prazo de 15 meses. 

Lamentavelmente essa parceria acabou sendo destituída em março de 2000, por diversos motivos, entre eles, desentendimentos partidários envolvendo a então deputada estadual Judith Medeiros (esposa de Judas Tadeu), e o interesse do Governo do Amapá em lançar seu próprio candidato à Prefeitura de Santana. 

Robson Rocha e o governador Waldez Góes
3º Lugar – Robson Rocha (de 2013 ao momento)
Eleito de forma independente (enfrentando uma candidata apoiada pelo então governador Camilo Capiberibe), o também vereador Robson Santana Rocha chegaria a Prefeitura de Santana com o objetivo de buscar melhores condições à cidade, deixando de lado qualquer divergência político-partidária. 

Porém, pouca atenção foi cedida pelo Executivo Estadual, obrigando o atual prefeito a recorrer de apoios federais, entre deputados e senadores. Um dos pontos negativos que foi “herdado” pela gestão de Camilo Capiberibe envolve o repasse de ICMS ao município, que acabou prejudicando consideravelmente no andamento das pastas administrativas e financeiras da cidade. 

Somente com a posse do atual governador Waldez Góes que o quadro do município passou a ter novas atenções, com a formalização de convênios que buscam melhorar a mobilidade urbana e infraestrutura. 

Nogueira ao lado do governador Pedro Paulo
2º Lugar – Antônio Nogueira (de 2005 a 2012)
Considerado o 1º prefeito reeleito de Santana, José Antônio Nogueira observou as necessidades de se trabalhar com toda e qualquer parceria que viesse a beneficiar o município. Assumiu o cargo na gestão do então governador Waldez Góes (que ainda exercia seu 1º mandato), garantindo convênios para a pavimentação e asfaltamento de dezenas de ruas e avenidas da cidade, implantação do SAMU na cidade e limpeza urbana. 

Com a posse do médico Pedro Paulo ao cargo de governador (em exercício da função por sete meses), Nogueira ainda garantiu recursos para a reforma de duas escolas urbanas. 

Com a entrada de Camilo Capiberibe no Governo do Amapá, conseguiu convênios para uso assistencial e para a saúde pública, e ainda procurou “estreitar” o propósito de estadualizar o Porto de Santana. 

Rosemiro Rocha discursa na inauguração do
prédio da Câmara de vereadores de Santana,
em fevereiro de 1989.
1º Lugar – Rosemiro Rocha (de 1989 a 1992, e de 2001-2004)
Historicamente, a simplicidade humana de um vereador da comarca de Macapá, entraria para a história política do país como o único prefeito que mais manteve “relação harmoniosa” com governador de um Estado Brasileiro. Ao todo foram 07 governadores. 

Ao assumir a 1ª gestão no município de Santana (em 1989), Rosemiro conseguiu apoio com o então governador Jorge Nova da Costa para veículos a serem utilizados na saúde e na educação. 

No ano seguinte (1990), manteve entendimentos com dois governadores: com o militar Doly Mendes Boucinha (que ficou apenas um mês no cargo de governador do Amapá) e Gilton Garcia, que ficou no comando do Governo do Amapá até a eleição do 1º governador pós-período militar, que seria o Comandante Anníbal Barcellos. 

Prefeito Rosemiro Rocha, acompanhando o
governador Anníbal Barcellos, em Santana.
Com Barcellos no poder, diversas obras foram construídas em Santana, tendo a coordenação de Rosemiro Rocha na aplicação de recursos vinculados do orçamento estadual. Entre fevereiro de 1991 e dezembro de 1992 foram 12 obras entregues na cidade, entre escolas municipais, postos médicos, passarelas (pontes) e conjuntos habitacionais. 

Após um intervalo de oito anos (quando esteve exercendo a vaga de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Amapá), Rosemiro reassume a Prefeitura de Santana durante a polêmica repercussão do caso do “manganês contaminado” que vinha sendo despejado em vias públicas da cidade e contaminando rios ribeirinhos. 

Pressionou o então governador João Alberto Capiberibe sobre a situação e pediu agilidade por parte da SEMA para averiguar os danos ambientais. Outra grande obra empenhada na relação Rosemiro/Capi foi a implantação da energia elétrica 24hs para o distrito de Ilha de Santana em 2001. 

Ao todo, Rosemiro manteve entendimentos com
sete (07) governadores amapaenses.
Com a curta gestão de Dalva Figueiredo no governo amapaense, Rosemiro autorizou a realização dos chamados “Orçamentos Participativos” (OP) que contava com a presença maciça da população santanense, e ainda pôde iniciar a construção do complexo de lazer esportivo do bairro Paraíso. 

Quando Waldez Góes assumiu o Governo do Amapá em 2003, Rosemiro continuou mantendo o mesmo relacionamento político que tinha com gestores anteriores. 

Com apoio governamental, foram concluídas duas praças, duas escolas municipais e três unidades (postos) de saúde em bairros suburbanos de Santana. Para a área de infraestrutura, foram abertas mais de 10 ramais vicinais e feita pavimentação asfáltica de 25km de ruas e avenidas de Santana.

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