Estudantes do “Augustão” protestam por melhorias para a escola

Estudantes fecharam um lado da via de acesso
Mais de 400 alunos que estudam na Escola Estadual Augusto Antunes, localizada no bairro Nova Brasília, em Santana, fizeram uma passeata por diversas ruas e avenidas do centro da cidade, na manhã desta quinta-feira (19/11), onde reivindicaram por diversas melhorias para a instituição, tanto na área administrativa como na área física da entidade. 

Considerada uma das mais tradicionais escolas do Amapá, o “Augustão” – denominação que lhe foi colocada por ex-alunos, na década de 1980, por manter um dos melhores padrões de ensino do Estado, caracterizando a sua grandeza institucional – entrou em fase de reforma em sua estrutura física há quase uma década, em razão de várias salas de aula já apresentarem desgastes físicos e até infiltrações, além de não oferecer mais condições de novos espaços (a demanda de novas vagas vem aumentando anualmente na instituição). 

Segundo uma das coordenadoras da mobilização, a estudante Luanny Lima, o ato visa alertar o poder público (estadual) sobre a situação que a escola vem atualmente atravessando, onde seus alunos estão chegando ao ponto de serem dispensados mais das aulas diárias em virtude desses problemas escolares. 

Indignações dos estudantes eram vistas nas faixas
“Todas as turmas estão sendo dispensados mais cedo das aulas por não haver merenda suficiente, e em algumas salas (de aula) existem riscos do telhado cair. A diretoria da escola apoia essa nossa ação e estamos apenas exigindo melhores condições para a escola”, disse a coordenadora, que frequenta o 1º ano do Ensino Médio na escola, que ainda disse que, somente esta semana, a escola precisou dispensar os alunos por duas vezes, devido não haver merenda na instituição. “A direção mandou um aviso (impresso) para os pais dos alunos, comunicando os motivos da dispensa das aulas, e isso só nos prejudica em termos de aprendizado”. 

Carregando faixas e cartazes, que descreviam a indignação dos estudantes pelo descaso público que a entidade se encontra, a passeata foi mantida de maneira ordenada, com apoio das autoridades de trânsito que controlaram o acesso por apenas uma das vias das ruas utilizadas na caminhada estudantil. 

“Não estamos querendo bagunçar e nem causar transtornos, apenas exigir pelos nossos direitos”, explicou Luanny, durante a passeata. 

Insuficiência física
Um dos problemas questionados pelos estudantes se refere à estrutura física da escola, onde 02 dos três blocos entraram em um processo de reforma que acabou sofrendo várias paralisações entre 2010 e 2014. 

Estudante Luanny Lima, coordenadora do ato
“Tem bloco que tem salas de aula funcionando normalmente, mas que está em reforma, e isso prejudica o modo de ensino que os professores estão usando, além de oferecer riscos para esses estudantes”, denunciou um professor da entidade, que preferiu não se identificar. 

De acordo com o mesmo professor, algumas salas de aula estariam com superlotação de alunos, que enfrentam o forte calor durante os turnos da manhã e da tarde para não perderem as aulas. “Tem sala que chega a ter 36 alunos, se o comum é deixar apenas 32 numa sala de aula”. 

Com 19 salas distribuídas, 14 são disponibilizadas para o ensino regular dos mais de 1.300 alunos da escola, porém, algumas dessas salas apresentam problemas que colocam em risco os seus frequentadores. 

“Diversas salas apresentam sinais de deterioração causada pelo tempo, e outras já estão com infiltrações que demonstram o risco de desabarem a qualquer momento”, continuou o mesmo professor. 

Demissões do Caixa Escolar
Segundo a coordenação da passeata, diversos trabalhadores que estariam sendo pagos pelo Caixa Escolar da instituição estão sob o risco de serem demitidos de seus postos nas próximas semanas. 

“Eles são essenciais na escola, e não seria correto se essas demissões se efetuassem diante de toda essa crise que vivemos”, disse preocupada a coordenação, se referindo aos mais de 20 profissionais lotados na área de serviços gerais e no preparo alimentar da escola (merenda). 

Alguns desses trabalhadores – mantidos pelo Caixa Escolar – disseram que estão há dois meses com seus vencimentos atrasados. 

“Além de não recebermos os salários em dia, agora estamos com os dias de trabalho contados”, lamentou um servente que presta serviços na escola. 

Atraso do ano letivo
Entre os problemas apontados pelos alunos do “Augustão”, a única certeza que está garantida para a classe estudantil é sobre o calendário escolar, ou seja, terão que prolongar o ano letivo de 2015 até o início de 2016. 

“Como houve um atraso o início das aulas desse ano, vamos estudar até janeiro do ano que vem, isso é a única certeza que temos”, disse a estudante Lidiane Freitas, do 2º ano do Ensino Médio da escola. 

Um dos possíveis motivos pelo prolongamento das aulas do ano letivo de 2015 está relacionado ao atraso no repasse de recursos para liberação da merenda escolar de algumas escolas estaduais, fato ocorrido em março desse ano, o que teria acarretado atraso no início das aulas, que somente começaram no final de março. 

Direção
Procurado pelo blog, o diretor da escola Luizinho Schuersosvski reconheceu que a instituição atravessa por diversos problemas físicos, técnicos e administrativos, mas que vem tomando providências dentro das condições possíveis. 

“Não podemos fazer o impossível, mas venho acompanhando a falta de condições que estamos vivendo na escola, assim como qualquer outra escola que também passa por esses tipos de dificuldades”, disse Luizinho. 

O diretor disse que uma das providências públicas que foram logo tomadas foi o retorno dos serviços de reforma da escola pela empresa-responsável, já que os trabalhos estavam paralisados há mais de quatro meses em razão da empresa não ter recebido mais recursos do Governo Estadual. 

“A empresa tem visto a necessidade que precisamos para que terminem com urgência essas obras, e estamos todos os dias, acompanhando os trabalhos que já foram realizados”, esclareceu Luizinho, que informou já ter comunicado por várias vezes a Secretaria Estadual de Educação (Seed) sobre a situação que se encontra a escola. 

“Eles (a Seed) ficaram de dar uma resposta ainda essa semana sobre as providências que podem ser feitas, ou que possam ao menos amenizar a situação”, garantiu o diretor. 

A Escola
Construída em meados da década de 1960, a Escola Estadual Augusto Antunes começou a funcionar como Grupo de Escolar, recebendo seu prédio próprio em 1967, onde se localiza até hoje. 

Segundo relatos de funcionários antigos, a escola já atravessou por quatro reformas durante seus quase 50 anos de existência, sendo que 2007, o governador Waldez Góes anunciou a ampliação do educandário, que agora incluiria laboratórios de ciências e informática para os mais de 1.300 estudantes matriculados nesta instituição. 

O blog entrou em contato com a Secretaria Estadual da Educação (Seed) pelo telefone 3131-2200, para buscar informações sobre a opinião da secretaria em relação ao ato tomado pelos estudantes santanense, mas apenas recebemos o comunicado de que teríamos uma ligação de retorno de algum assessor do gabinete da Seed, o que não ocorreu até o fechamento dessa matéria por volta das 15hs de hoje (19).

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