Orlando Gaia, 40 anos servindo a Deus no Amapá

Orlando Gaia (detalhe) na década de 1980 
É impossível falar da trajetória do crescimento evangélica no Estado do Amapá e não citar o trabalho do paraense Orlando Gaia, mais conhecido como Pastor Gaia. 

Nas últimas quatro décadas, Gaia escreveu com dedicação e firmeza espiritual, a sua capacidade humana e moral em diversas localidades amapaenses, tendo administrado pelo menos seis igrejas (em sedes municipais), sendo que atualmente está dedicando seus trabalhos na Igreja Evangélica da Assembleia de Deus no distrito santanense do Igarapé da Fortaleza. 

Sua Vida
Nascido no dia 04 de julho de 1954, no município de Chaves (PA), Orlando Moura Gaia veio seguindo o meio evangélico desde criança, quando na capital paraense conheceria a jovem que o acompanharia durante toda sua vida de guerreiro espiritual: Dos Anjos. 

Orlando Gaia ao lado de outros líderes evangélicos
Gaia e Dos Anjos se casariam no dia 28 de dezembro de 1974, e no ano seguinte receberiam um convite de um amigo para virem para o então Território Federal do Amapá, já que na mesma ocasião, Gaia iria desenvolver suas habilidades comerciais, pois sua intenção era representar uma empresa de sandálias. 

O casal – que desembarcou em Macapá no dia 17 de julho de 1975 ficou hospedado na casa de amigos, mas na mesma semana de sua chegada, a residência onde estavam hospedados sofreu um incêndio, fazendo com que aquele jovem casal ficasse sem seus pertences. 

Com o ocorrido, procuraram Casa Pastoral, onde seriam bem recepcionados pelo então presidente da Assembleia de Deus em Macapá, Pastor Otoniel Alencar. O experiente líder evangélico Otoniel viu naquele casal uma chamada ministerial, e este então formulou o convite para que o jovem Orlando Gaia participasse da Convenção de Ministros das Assembleias de Deus que aconteceria no mês de outubro daquele ano. 

O chamado de Deus
Foi justamente naquele dia 13 de outubro de 1975 que Orlando Gaia seria consagrado a evangelista pelo saudoso pastor-missionário Serafim Pires de Souza (fundador da Convenção da Assembleia de Deus no Amapá), e logo seria enviado para o município de Oiapoque, onde desenvolveria seu primeiro trabalho de campo. 

Na cidade fronteiriça, Gaia e sua esposa passaram três anos e realizaram um grande trabalho, deixando implantada duas igrejas, sendo uma na base militar de Clevelândia e outra na sede municipal. 

Em julho de 1978, após ser consagrado a pastor, Gaia é enviado para o município de Amapá, ficando ali por dois anos, convivendo com as adversidades de infraestrutura local, pois a cidade era de chão batido, e Gaia (ao lado da esposa) utilizavam de bicicletas para realizarem as visitas pastorais por localidades distantes, como Cruzeiro e Piquiá (distritos amaparinos). 

Em 1979, segue para a localidade de Santa Luzia do Pacuí, mantendo seus trabalhos evangelísticos por ali por quase quatro anos. “Em Santa Luzia, boa parte dos moradores eram evangélicos, e isso me ajudou bastante”, relembra Gaia. 

Porém, mais dificultoso que na localidade anterior, o pastor também utilizava da bicicleta para percorrer a região, sendo o único meio de transporte da época – um caminhão tipo “pau-de-arara” – só fazia viagens semanais à região. 

Intimidação religiosa
Certa vez, Gaia precisou sair de Santa Luzia, sendo necessário viajar de carona até São Joaquim do Pacuí, que ficava há mais de 20km de Santa Luzia. 

“Ficamos lá de 09:00hs da manhã e a carona só veio aparecer às 16:00hs do outro dia, foi muito difícil”, conta Gaia, pois, na localidade São Joaquim do Pacuí havia uma ordem superior (de um padre), proibindo todos os moradores de abrir as portas de suas casas e muito menos prestar qualquer favor a um crente. 

Mesmo assim, com fome e sede, ele tocava violão e sua esposa cantava, até chegar pela carona. Segundo Gaia, o que ficou marcado nesse campo de trabalho foi que os irmãos não davam seus dízimos em dinheiro, e sim em mantimentos e produtos regionais (como farinha, caças, pescados e frutas), os quais eram comercializados em Macapá e posteriormente revestidos para o sustento da família daquele missionário. 

Em 1983, deixando Santa Luzia, Gaia e agora sua família (viriam as três filhas) seguem para Porto Grande, que ainda não era município. Nesta vila havia uma Casa de Oração, que vinculada à sede ministerial de Santana. Com a chegada de Gaia, a Casa de Oração ganhou autonomia, transformando-se em igreja independente, e Gaia foi seu 1º pastor, liderando a igreja durante um ano e oito meses. 

Templo da Assembleia de Deus em Laranjal do Jarí,
erguido sob coordenação de Orlando Gaia.
Jarí: um desafio vencido para Gaia
Em meados de 1984, Gaia é convidado para assumir os trabalhos evangélicos em Laranjal do Jarí, substituindo o saudoso pastor Jaci Torquato. Nesse tempo, a igreja-sede da Assembleia de Deus na cidade era todo de madeira, erguido às margens do Rio Jarí. 

Ao desembarcar na região, Gaia pôde mostrar um forte espírito empreendedor, vindo a erguer na época o maior templo das Assembleias de Deus no Estado do Amapá, num tempo em que o único transporte de acesso eram balsas, mas que não foi motivos de empecilhos que pudessem ajuda-lo a inaugurar aquele Templo Evangélico no ano de 2000. 

“Laranjal do Jarí era uma vila onde parte das pessoas eram incrédulas e o índice de prostituição infantil era alto, mas eu ajudei a mudar aquilo”, contou Gaia, mostrando seu orgulho de ter vencido as barreiras sociais da época. 

Um fato marcante
Mas foi ainda em Laranjal do Jarí que algo marcou profundamente a vida ministerial de Orlando Gaia: durante as enchentes no Rio Jarí em 2001, uma menina de oito anos caiu no rio e só foi encontrada quase duas horas depois sem sinais vitais. 

A menina – que era filha de uma irmã do Círculo de Oração da igreja de Gaia, procurou o pastor e contou sobre o ocorrido. Gaia conta que o corpo da menina foi levado para sua casa, onde ali oraram firmemente e a menina retomou com seus sinais vitais, sendo atualmente ela está estudante o curso de Direito em outro Estado. 

Casal Orlando e Dos Anjos Gaia
Gaia ficou quase duas décadas em Laranjal do Jarí, deixando um belo complexo construído, considerado pelo moradores como um dos cartões postais da cidade. 

Igarapé da Fortaleza
No início de 2003, Pastor Gaia deixa Laranjal do Jarí, assumindo os trabalhos no distrito do Igarapé da Fortaleza, sendo atualmente o Pastor-presidente das Assembleias de Deus na Fortaleza. 

Orlando Gaia e Dos Anjos são formados em Direito e Teologia, respectivamente, mas conta que nunca quis seguir a carreira, pois reconhece sua missão dada por Deus que lhe trás grandes realizações pessoais. É pai de três meninas (Rizia, Neiva e Orlandina), e cinco netos. 

Em 2014, durante a Convenção dos Ministros das Assembleias de Deus no Amapá (Cemeadap), Orlando Gaia é congratulado como o obreiro mais antigo da instituição no Amapá, e este ano, comemora-se os 40 anos de um ministério formado por este pioneiro da igreja evangélico no Estado. 

Ontem (12/10), foi realizada na Igreja Evangélica da Assembleia de Deus do distrito do Igarapé da Fortaleza, uma solenidade festiva, onde amigos e companheiros de ministério homenagearam Orlando Gaia.

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