Sem apoio, APAE de Santana sobrevive de ajuda comunitária

APAE em Santana vem atravessando crise. A
presidente da instituição Rita de Assis (detalhe)
busca de todas as formas assegurar o bem-estar
dos alunos mantidos pela entidade.
Ontem (21/09), foi comemorado o Dia Nacional na Luta pela Pessoa Deficiente e a referida data não passou em branco em uma entidade não-governamental que pouco tem sido notada, tanto pela população santanense, como pelo próprio Poder Público. Trata-se da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do município de Santana. 

A entidade – fundada em 1998 – já viveu seus momentos “de ouro” quando chegou a manter mais de 200 alunos portadores de algum tipo de deficiência. 

No entanto, o quadro atual da APAE de Santana expõe claramente o descaso de uma instituição filantrópica que somente vem se mantendo através de ajudas comunitárias, e de pessoas que não medem esforços diários para continuar um projeto social que hoje beneficia um número bem mais inferior de participantes, sendo menos de 60 alunos. 

“Se não fosse minha persistência, a APAE já tinha fechado as portas”, disse a professora Rita Regina de Assis, que atualmente preside a entidade, e se tornou um símbolo importante na luta pela permanência de tais ações no município de Santana. 

A estrutura física da APAE/STN já apresenta
deteriorações nas portas e no muro (detalhe).
Genitora de pessoas portadoras de deficiência, Rita de Assis vem acompanhando os trabalhos da APAE santanense há mais de 16 anos, o que lhe fez se envolver ao longo dos anos com as programações desenvolvidas pela entidade, e posteriormente ingressando como uma de suas atuais mantenedoras. 

“A entidade chegou a ter mais de 20 funcionários, e hoje nos viramos como podemos com apenas sete (07) pessoas, onde alguns trabalham de forma voluntária”, esclareceu Rita. 

Estrutura precária
Localizado numa área semi-nobre da cidade (onde sequer a rua de acesso à instituição não está asfaltada), a APAE de Santana se distribui por três (03) blocos, sendo que em dois estão as salas de aula e a administração, e no outro bloco funciona uma área de recreação e os banheiros. 

No entanto, alguns pontos desses blocos já apresentando desgastes físicos, em sua maioria, causados pelo tempo de “vida”, já que todo o prédio da entidade não passa por uma ampla reforma há mais de uma década. 

Atividades artísticas e culturas são periodicamente
realizados na entidade para seus alunos.
“Em 2010 fizeram alguns reparos nas paredes de algumas salas, mas essas pinturas já começaram a sofrer desgastes materiais”, apontou a presidente da entidade, citando ainda a deterioração que vem ocorrendo nas portas e janelas das salas e nas estruturas inacabadas dos pórticos de acessos (corredores de madeira) dos blocos. 

“Buscamos oferecer as melhores condições possíveis para acomodar e repassar conhecimentos aos alunos, mas infelizmente nossas forças são limitadas”, lamentou uma professora que presta serviços na entidade. 

A mesma professora também informou que já precisou levar seus alunos para a área de recreação devido o forte calor que se acumula nas salas durante as aulas. “Pelo horário da manhã ainda é possível de ficar dentro da sala, mas a tarde não tem como aguentar o calor forte”. 

Recentemente a entidade foi presenteada pela doação de duas centrais de ar (condicionado), porém, não podem ser utilizadas em face das instalações elétricas dos blocos não estarem adequadas para tal uso, além de serem evitados que haja o furto dos aparelhos das salas, já que o prédio está situado numa área pouco conhecida. 

Rita de Assis coordena a entidade em Santana
desde início, no final da década de 1990.
No fundo do terreno onde fica a entidade, está uma pequena praça municipal que, segundo moradores que residem nas proximidades da APAE de Santana, é constantemente ocupada por vândalos no horário noturno, o que acaba colocando em risco os bens materiais da entidade que já sofre pelo descaso público. 

Trabalho em Cooperação
Para atender nas condições mínimas os quase 60 alunos (distribuídos nos turnos da manhã e da tarde), a administração da APAE santanense conseguiu a disponibilidade de profissionais da área pedagógica do Estado e do Município para ajudarem nos trabalhos. 

“Na atual gestão (Governo Estadual) conseguimos que professores fossem cedidos para a entidade e pela Prefeitura de Santana foram encaminhados profissionais de outras áreas”, ressaltou Rita, se referindo ao quadro de vigilantes que vem sendo mantido na instituição e que foi gentilmente cedido pela Prefeitura de Santana. 

Em relação ao restante dos profissionais que atuam no local, foi preciso formalizar um Termo de Cooperação, que garante a integridade das duas partes. “Antigos presidentes da Associação tiveram problemas na justiça com ex-funcionários e hoje fazemos de tudo para manter uma boa relação com aqueles que querem se envolver com a entidade, mas que possa ser de maneira voluntária”. 

Atividades desenvolvidas
Segundo a presidente, a Associação – que chegou a manter mais de 200 alunos, de diversas faixas etárias – oferece atualmente o ensino regular de Educação Infantil e Fundamental, com alunos entre 07 e 40 anos. 

“Trabalhamos muito com a paciência para lhe dar com a vontade de cada um em querer aprender algo novo”, expressou Rita. 

Semanalmente são realizados diversos tipos de atividades pedagógicas e recreativas, tais como danças regionais, brincadeiras rotativas, aprendizados artísticos e outras noções educativas, tudo visando fortalecer a relação da instituição com seus alunos. 

Ajuda Solidária
Em relação às condições diárias que atravessa a entidade, a presidente explica que eventos beneficentes são periodicamente realizado como forma de arrecadar valores para que possam manter ativo os objetivos da instituição. 

“Temos algumas pessoas que se solidarizam com a associação e procuram de alguma maneira ajudar o nosso trabalho, como padarias que fornecem o pão diário do café da manhã dos alunos e mercearias que liberam mantimentos para o almoço e merenda da tarde, e assim nos esforçamos para mostrar do que somos capazes para manter em pé esse projeto”, enfatizou Rita. 

As pessoas que desejam compartilhar de qualquer ajuda (material e/ou financeira) com a APAE de Santana, basta seguir ao endereço da entidade, situada na RUA A-1, n. 400. 

Para quem não sabe, a referida passa atrás da garagem da empresa de ônibus “Sião Thur”.

Comentários