No Elesbão, a “Escola Padrão do Amapá” que nunca foi concluída

Projeto original da "Escola Padrão" não foi feito,
conforme planejou o Governo do Amapá.
Quem sai dos limites urbanos de Santana com destino à vila distrital do Elesbão, com certeza já deve ter passado por uma escola situada na beira da pista do denominado Ramal da Olaria, por onde também passam dezenas de pessoas que seguem, tanto para o trabalho como estudantes que frequentam aquela instituição. 

Pelo lado externo, é logo possível observar que em seus traços arquitetônicos se trata de uma obra diferente de outras entidades de ensino que existem espalhadas no Estado. E realmente seria. 

O prédio começou a ser construído em meados de 2011, na gestão do então governador Camilo Capiberibe, após este visitar o distrito do Elesbão durante campanha política de 2010 e anunciar que ali seria erguida uma “Escola Protótipo”, e que se tornaria uma das entidades mais privilegiadas e conceituadas do Estado do Amapá, pois, iria oferecer diversos cursos técnicos e regionais, como Técnico em Saúde Comunitária, Técnico em Eletricidade, Engenharia Naval, Engenharia de Pesca e outros cursos. 

Ainda no primeiro ano de seu mandato, Camilo iniciou a construção da estrutura predial daquela que seria a “Escola Padrão do Amapá”, porém, segundo moradores do distrito, os primeiros entraves começaram a surgir ainda no andamento das obras, quando a Secretaria de Estado de Infraestrutura detectou falhas no projeto original de execução, onde o prédio estava sendo erguido numa área muito próxima de um deposito mineral, ou seja, ficava aos fundos da área de estocagem de minérios da empresa Anglo American. 

A falha detectada fez com que aquela obra pública ficasse parada por quase um ano e meio, sendo somente retomada após várias reivindicações da população local, o que acabou custando novos orçamentos para o Poder Governamental. 

Obra acabou sendo ocupada por outra Escola
Estadual que apresentava defeito físicos.
“Muita gente esperou que essa escola fosse funcionar do jeito que se planejou”, disse o morador Raimundo Souza, que já presidiu a Associação de Moradores do distrito do Elesbão, e acompanhou diversas reuniões com o governo, que tratou sobre a obra. “Acredito que o governo (estadual) achou muito caro esse projeto”. 

Mudança de Planos
De acordo com Raimundo Souza, os planos de colocarem um exemplo de instituição técnica em funcionamento começou a mudar quando a Escola Estadual Santos Dumont – esta também localizada no distrito do Elesbão – precisou passar por uma reforma emergencial e não tinha um local adequado para transferir seus funcionários e alunos. 

“A Escola Santos Dumont já estava caindo aos pedaços e precisava de um novo prédio. Por isso passaram todos os alunos para esse prédio que ainda estava sendo construído para funcionar como ‘Escola Protótipo’. Não tinha outra alternativa”, contou Souza. 

A transferência docente aconteceu no final de 2012 e desde então o prédio onde seria construída a tão esperada “Escola Protótipo” (ou “Escola Padrão” como muitos queriam) do Estado do Amapá acabou sendo esquecida, dando espaço para cerca de 1.200 estudantes do Ensino Fundamental e Médio que residem nos distritos do Elesbão e Delta do Matapí-mirim. 

“Nem todas as salas foram construídas a tempo e tivemos que adaptar elas do nosso jeito”, explicou o vigilante Reinaldo Bento Ferreira, que ainda concluiu o curso Supletivo no novo prédio. 

Poluição
Mesmo funcionando de maneira precária, e ainda mantendo uma outra escola em suas dependências, o ensino interno busca atender a demanda aplicada pelas outras entidades de educação do Estado. Porém, alguns estudantes ainda reclamam da poluição que ocorre nas imediações do local, onde o pó de resíduos de minérios alcançam várias áreas do prédio, vindo a causar problemas respiratórios em alunos e funcionários da entidade. 

“Quando estamos nas salas (de aula), sentimos aquele pó chegando nas paredes e no chão da escola. Se não virarmos a cara, a ventilação do ar joga esse pó nas nossas caras, e isso coça demais. É terrível”, reclamou o estudante Aldemiro Gonçalves, que ainda contou que essa questão da poluição de resíduos minerais havia acabado há tempos atrás, mas ainda vem ocorrendo esporadicamente. 

O blog Santana do Amapá tentou conversar com a atual diretoria da Escola Estadual Alberto Santos Dumont para buscar maiores detalhes dessa situação, mas apenas nos orientaram a procurar a Secretaria de Estadual da Educação (Seed), que também foi procurada, mas apenas nos informaram que a atual gestão do Executivo Estadual assumiu a pasta sem tomar conhecimento de inúmeros problemas na área, e que ainda estão apurando diversas situações pendentes, entre elas, essa das escolas estaduais inacabadas, e após concluírem os levantamentos que estão efetuando, irão repassar detalhes para a sociedade.

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