Descaso e insegurança predominam pelo Centro Vitória Régia

O Centro funciona há quase 40 anos, apresentando
dificuldades em sua estrutura física
O que era para ser um dos principais locais de concentração de programas sociais e de geração de emprego e de renda de Santana está com sua estrutura física seriamente comprometida, sem que o Governo do Estado acene com a possibilidade de melhorias, para que, pelo menos os projetos sociais ali desenvolvidos, funcionem de maneira até mais decente. 

É dessa forma que se encontra o Centro Social Urbano “Vitória Régia”, inaugurado em 1979 (no final da gestão de governo do então Capitão da Marinha Arthur Henning), localizado na Rua Ubaldo Figueira, no Centro da cidade portuária, que chegou a ser um dos mais conceituados espaços socioeducativos do Estado, contendo salas amplas e adequadas, quadra coberta e um campo de futebol, que, infelizmente, pelo menos na atual administração estadual, ainda não cumpriu totalmente com as suas finalidades sociais. 

Pelo que a reportagem do blog Santana do Amapá conseguiu apurar no início dessa semana que, em dois dos três blocos de salas funcionam programas e projetos desenvolvidos pela Secretaria de Estado de Inclusão e Mobilização Social (Sims), sendo que em outro bloco funciona uma escola de ensino infantil e fundamental (de responsabilidade do Governo Estadual), para cerca de 220 alunos nos turnos da manhã e tarde. 

A quadra do CSU é periodicamente utilizada pelo Poder Público (ações governamentais) e privado (festas), assim como também serve para as aulas práticas (educação física) ao ar livre da escola de ensino fundamental que está implantada em um dos blocos do Centro. A propósito disso, vale ressaltar que quadra também esteve até pouco tempo atrás servindo para aulas de direção, realizados por uma escola de ensino de condutores de automóveis (autoescola), onde também utilizavam do campo de futebol do centro para as aulas de formação de motoristas. 

Sem vigilância, já roubaram a bomba d'água
do Centro, que já sofre pelo abandono público
Precariedade física
Além do uso indevido de alguns espaços físicos do órgão por uma autoescola particular, o que também chama atenção é o desgaste das estruturas do local. Os três blocos já apresentavam rachaduras visíveis por alguns lados das paredes, além de goteiras e com as instalações elétricas e hidráulicas que funcionam precariamente. 

A quadra esportiva, que já foi uma das maiores referências de espaço de lazer no Estado, está parcialmente abandonada, precisando de reforma na cobertura, no piso, nas grades de proteção e de demarcação. Até mesmo o local onde funcionaria uma fábrica de picolés, atrás do Centro, nunca foi concluído, deixando de lado um projeto de grande rendimento econômico e social para o município, que poderia beneficiar inúmeros jovens que estão ingressando constantemente no mercado de trabalho. 

“Quando assumimos em janeiro, a situação estava bem pior”, afirma Aldair Sá, atual coordenador do Centro, que tem como um dos muitos objetivos institucionais organizar e promover cursos e oficinas socioeducativas para a comunidade em geral de Santana, porém, vem buscando parcerias com empresários locais para fortalecer os propósitos. 

No entanto, Aldair sabe que as dificuldades são muitas em meio às condições físicas e administrativas que o Centro atravessa há anos, na qual grande parte da sociedade chegar a acreditar que o local está abandonado. “Tem gente que passa na frente do Centro e pensa que não funciona nada aqui dentro”. 

Kelle Cristiane (diretora Escolar) já cansou de
enviar ofícios à Seed falando da situação do local
Insegurança
Além de conviverem com o descaso público do local, onde o Governo Estadual utiliza o Centro Urbano para o uso de dois setores estaduais (educação e mobilização social), ainda existe outra preocupação que aflige os servidores e os usuários do espaço: a falta de segurança. 

O Centro encontra-se sem o serviço de vigilância noturna desde o início do ano, o que acabou resultando no registro de um assalto ocorrido no último domingo (26/07), onde dois elementos (de aparência jovem) aproveitaram a inexistência de vigilante no órgão, e arrombaram uma das salas do bloco onde funciona a instituição escolar, de onde levaram diversos materiais – novos e usados – de uso da entidade. 

“Levaram a bomba d’água, um rolo de fios que compramos para reforma da escola, uma impressora, alguns equipamentos de escritório e cozinha. Um prejuízo que ainda nem conseguimos terminar de calcular”, informou a professora Kelle Cristiane que está a frente da direção da escola estadual instalada no Centro. 

Segundo Kelle, os acessórios de uso externo do local (como cadeados e lâmpadas) que não puderam ser retirados pelos assaltantes, foram danificados ou quebrados como forma de represália, aumentando os danos a serem corrigidos. 

“Já não sei mais o que faço com todo esse descaso que estamos vivendo por aqui. Já enviei vários ofícios para a Seed (Secretaria Estadual de Educação) explicando sobre essas condições que nos encontramos, e até já deixei meu cargo à disposição, mas nenhuma resposta teve retorno”, lamentou a diretora, que teme por possíveis ações de outros vândalos no local, já que, de acordo com a coordenação do CSU Vitória Régia, ainda não há qualquer previsão para a contratação de vigilantes que possam prestar serviço noturno no local. 

Devido ausência de vigilância, várias lâmpadas
externas foram roubadas, e outras quebradas
Expectativas de Melhoras
Apesar de todos os problemas existentes no Centro, há quem acredite que o Centro “Vitória Régia” retornará ao quadro social de instituição bem atuante como já foi um dia. É o que prevê a própria diretora do educandário de ensino fundamental, que salientou a importância social e institucional. 

“Para se ter uma idéia do padrão de ensino exemplar que desenvolvemos ser tão bom, que é mais quem tem vontade de estudar aqui, sabendo que oferecemos além do ensino comum, os alunos participam de cursos e outras atividades diariamente. Mas isso também depende muito da boa vontade do Governo (Estadual) em dar mais atenção a esse lugar”, atentou Kelle. 

Pelo que se observa a valorização do espaço físico não deverá acontecer tão logo, pois, segundo pessoas que frequentam constantemente o Centro, as poucas visitas que o Chefe do Executivo Estadual (governador) fez ao local ocorreram somente durante os ensaios da Bateria da Escola de Samba “Império do Povo”, na quadra do Centro, no período que antecede o desfile de Carnaval da agremiação.

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