Todos Contra A Violência Escolar

Por Renilce França


A cultura de violência permeia a sociedade, coexistindo paralelamente aos sistemas. Atualmente tem se mostrado crescente nas escolas como resultado de um ciclo nocivo das relações de agressividade que algumas vezes são institucionalizadas devido a um conjunto de falhas nas intervenções e reações violentadoras dos direitos ao simplificar de uma questão só possível de ser tratada por um conjunto de estratégias, e jamais pela atuação isolada, pois, apesar de evidente, a violência entre os jovens é apenas uma mostra de questões muito maiores que merecem uma abordagem fundamentada. 

É certo que a violência possui causas e certamente, consequências que abrangem aspectos prejudiciais ao desenvolvimento regular da dinâmica educativa com terríveis resultados para a sociedade, podendo transformar negativamente a rotina e o ambiente, comprometendo a formação geral dos alunos que encontram na escola um terreno fértil para a ocorrência de conflitos pelo fato de ser lugar de encontros de culturas variadas que muitas vezes se chocam, e mudar esse panorama de violência exige mudanças comportamentais, didáticas e administrativas através de sensibilização, mobilização e articulação que pressupõem novas formas de relacionamento e integração na escola e com a Rede de proteção a infância e juventude, parte fundamental que abrange as áreas social, psicológica, jurídica e outras complementares a ação educativa, cada uma fazendo sua parte. 

Atualmente, ocorre um erro quase comum, geralmente por excesso de boa vontade que está ligada a compreensão da competência, limite de atuação e responsabilidade social da escola, algumas vezes por falta de filosofia institucional. Parte do princípio de formação global do educando, porém algumas vezes, se confunde na polivalência docente, onde é bastante comum o discurso de que a escola precisa agir como delegacia, hospital etc. Com base nesse equívoco, tentam trazer para dentro da unidade escolar, serviços alheios à área de atuação educacional, concentrando problemas e impedindo medidas mais eficazes centralizando ações que pertencem a Rede de proteção que não podem ser resolvidas com ações imediatistas, nem confundidas com o trabalho pedagógico, ao contrário, necessitam de intervenções conjuntas, estudo multidisciplinar aprofundado e acompanhamento individual e familiar pelas diversas áreas, esfera e setores de atuação, que definitivamente, não é na escola, pois essa possui outras atribuições igualmente importantes. 

A educação na perspectiva dos direitos humanos, precisa se tornar referencia ética que inclui o aluno na perspectiva de clientela contemplada na proposta de proteção integral e formação geral, baseada nas ações descentralizadoras, ciente de que todas as áreas que compõe a proteção à infância são igualmente essenciais, principalmente para prevenção e desconstrução dos quadros de violência que cercam o ambiente escolar, enquanto a escola precisa se apropriar do seu dever legal e social com o desenvolvimento cognitivo e orientação para a vida, sem confundir competências e sem sobrecarregar sua capacidade, tendo consciência de que a negligencia é considerada violência institucional que pode impedir intervenções necessárias, por uma suposta onipotência da escola. 

O reconhecimento da importância de articulação entre a escola e as demais instituições, torna possível trabalhar eficazmente o problema da violência escolar, sem deixar de lado a responsabilidade com a aprendizagem dos educandos, ao mesmo tempo em que são trabalhadas as questões socioculturais, emocionais ou econômicas responsáveis pelo comportamento agressivo que compromete o desenvolvimento geral do aluno, através de ações estratégicas conjuntas entre escola e a Rede de proteção para a adequada intervenção das áreas da assistência, segurança, psíquica e jurídica, necessárias ao diagnóstico e acompanhamento ao educando junto a seu núcleo familiar, bastando que a escola cumpra o dever legal de encaminhar os casos de violência, conforme prevê a legislação vigente.

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